Genética e Massa Muscular

Os exercícios resistidos recebem o nome de musculação porque constituem o estímulo mais eficiente para aumentar a massa muscular. Para obter os melhores resultados os exercícios precisam ser realizados com cargas crescentes que imponham dificuldade para a sua realização, a regularidade das sessões é importante, assim como uma boa alimentação. Também não deve haver excesso de outras formas de atividade física e de estresse emocional.

Mesmo com uma adequada orientação de treinamento, de alimentação e de repouso, o ganho de massa muscular varia muito entre as pessoas. A observação mostra que algumas pessoas ganham massa muscular com facilidade, enquanto que outras o fazem com muita dificuldade. Estudos genéticos mostraram que todas as pessoas possuem os genes responsáveis pela hipertrofia muscular: processo de síntese de miofobrilas, filamentos proteicos intracelulares que são os principais determinantes do volume muscular.

O estímulo dado pelas contrações musculares contra resistências produz ativação desses genes, mas de forma muito diferente entre as pessoas. Apenas 25 % das pessoas apresentam boa ativação gênica hipertrófica e aumentam a massa muscular com facilidade; 50 % das pessoas apresentam fraca ativação gênica e consequentemente discretos aumentos de massa muscular; 25 % das pessoas apresentam mínima ou nula ativação gênica, com grande dificuldade para aumentar a massa muscular.

Nessas três categorias de ativação gênica existem pessoas de ambos os gêneros e de todas as idades. Assim sendo, é possível que algumas mulheres idosas apresentem maior facilidade para ganhar massa muscular do que alguns homens jovens. As pessoas com boa ativação gênica geralmente pertencem ao biótipo conhecido como mesomorfo, que são as pessoas com ossatura pesada e boa massa muscular mesmo sem realizar exercícios. As pessoas com mínima ativação gênica geralmente são ectomorfas: ossatura leve e pequena massa muscular por natureza.

O reconhecimento dessa realidade pode evitar frustrações, mas por outro lado, não deve desestimular as pessoas que não reagem bem à musculação. A modelagem do corpo pode ocorrer apenas com a tonificação dos músculos e com a redução da gordura corporal. O fortalecimento dos ossos não depende do aumento da massa muscular.

A força, a flexibilidade, a resistência e a coordenação aumentam significativamente mesmo nas pessoas que têm dificuldade para hipertrofia. O aumento da força muscular permite a realização confortável e segura das atividades da vida diária e a melhor convivência com processos degenerativos articulares que produzem dores. A profilaxia e o controle de doenças cardiovasculares, do diabetes e da obesidade é muito facilitado pelos efeitos da musculação, mesmo quando não aumenta a massa muscular.

* José Maria Santarem é doutor em medicina pela Universidade de São Paulo, fisiatra e reumatologista pela Associação Médica Brasileira, consultor científico da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, coordenador de pós-graduação na Escola de Educação Permanente do HC-FMUSP, diretor do Instituto Biodelta, autor do livro Musculação em Todas as Idades (Ed. Manole) e coordenador do site acadêmico www.treinamentoresistido.com.br.

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