Intensidade dos Exercícios e Saúde Cardiovascular

A saúde cardiovascular parece ser estimulada por qualquer tipo de atividade tisica. Assim sendo, são esperados efeitos salutares advindos do trabalho braçal, das diversas modalidades esportivas, do lazer com atividades físicas e dos programas sistematizados de condicionamento físico. Trabalhos recentes documentam que atividades físicas mais intensas são mais eficientes para promoção de saúde cardiovascular. Entre outros trabalhos, em um estudo de coorte (seguimento) com 44.452 homens acompanhados por 12 anos (Exercise Type and lntensity in Relation to Coronary Heart Disease in Men – Tanasescu, Leitzmann e Rimm, JAMA 2.002;288:1994-2000), verificou-se que uma hora de corrida por semana reduziu o risco de doença arterial coronariana em 42%; uma hora de remo por semana, em 18%; e apenas meia hora por semana de musculação, em 23%.

Atualmente já encontramos revisões citando diversos trabalhos que documentam importantes efeitos protetores cardiovasculares dos exercícios resistidos (musculação). O principal estímulo para a saúde cardiovascular da atividade física parece ser diminuir a incidência de doenças crônicas que evoluem para a degeneração vascular: hipertensão, diabetes, obesidade e alterações das gorduras do sangue. A razão da indicação tradicional de exercícios aeróbios como caminhar, pedalar ou nadar de forma relativamente suave, para a população em geral, se prende ao fato de que esses exercícios são mais seguros do que atividades contínuas mais intensas.

No entanto, quando as pessoas tiverem condições de aptidão e saúde para realizar atividades mais intensas, haverá mais eficiência em promover saúde cardiovascular. A segurança de qualquer atividade física é dada pela adequação correta das sobrecargas às condições físicas dos praticantes. Os exercícios contínuos suaves, geralmente aeróbios como caminhar, pedalar ou nadar de forma lenta, possuem baixas sobrecargas e são seguros para a maioria das pessoas. Mas a musculação suave é uma atividade ainda mais adequada para pessoas debilitadas, com doenças crônicas e baixos níveis de aptidão física, como é o caso de grande parte da população idosa.

Na musculação suave as sobrecargas são menores do que nos exercícios aeróbios. Suportar o peso do corpo e caminhar pode impor sobrecargas musculoesqueléticas excessivas para pessoas debilitadas. Pedalar ou caminhar com alguma velocidade pode elevar excessivamente a freqüência cardíaca. Assim sendo, os exercícios resistidos são utilizados cada vez mais em casos de pessoas debilitadas, não apenas em função da sua eficiência em promover saúde geral, mas também pelo elevado grau de segurança.

* José Maria Santarem é doutor em medicina pela Universidade de São Paulo, fisiatra e reumatologista pela Associação Médica Brasileira, consultor científico da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, coordenador de pós-graduação na Escola de Educação Permanente do HC-FMUSP, diretor do Instituto Biodelta, autor do livro Musculação em Todas as Idades (Ed. Manole) e coordenador do site acadêmico www.treinamentoresistido.com.br.

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