81 O treinamento resistido tem importante efeito para rejuvenescer a pele

Resistance training rejuvenates aging skin by reducing circulating inflammatory factors and enhancing dermal extracellular matrices

Shu Nishikori , Jun Yasuda , Kao Murata , Junya Takegaki , Yasuko Harada , Yuki Shirai  & Satoshi Fujita

Nature  – Scientific Reports

DOI: 10.1038/s41598-023-37207-92023

O treinamento resistido rejuvenesce a pele envelhecida, reduzindo os fatores inflamatórios circulantes e aprimorando as matrizes dérmicas extracelulares

Comentários: Profa. Esp. Hélena Dalla Bernardina

coordenadora do Instituto Biodelta

A pele, sendo o maior órgão do corpo, é fundamental como barreira contra doenças e também responde a fatores neuroendócrinos. O envelhecimento da pele está relacionado à degradação da matriz extracelular (ECM), causada por fatores externos como exposição ao sol e poluição, e internos, como alterações hormonais e inflamação. O exercício altera os níveis de citocinas e hormônios, o que pode ajudar a combater o envelhecimento. Em particular, as miocinas produzidas pelos músculos esqueléticos durante o exercício são mediadoras desses efeitos benéficos.

Embora os efeitos do exercício no envelhecimento da pele sejam menos compreendidos, estudos sugerem que o treinamento aeróbico (TA) pode estimular a liberação de interleucina 15 (IL-15), que influencia a biogênese mitocondrial e o envelhecimento da pele. No entanto, os efeitos do treinamento resistido (TR) ainda não foram estudados nesse contexto, até onde sabemos este é o primeiro estudo a demostrar os efeitos distintos do TA e do TR no envelhecimento da pele.

O estudo envolveu 61 mulheres sedentárias de meia-idade (41-59 anos) e teve como objetivo avaliar os efeitos de 16 semanas de TA e TR na composição corporal, capacidade física e propriedades da pele. Os participantes foram aleatoriamente designados para os grupos TA (27 mulheres) e TR (34 mulheres) e realizaram exercícios supervisionados duas vezes por semana, com 32 sessões no total. O estudo foi conduzido no Japão e aprovado por comitê de ética.

A avaliação física incluiu a medição da capacidade aeróbica (VO2pico) e da força muscular (1RM). O TA consistiu em ciclismo a 65-70% da FC de pico, enquanto o TR envolveu exercícios com pesos em máquinas de musculação, ajustados conforme a progressão do estudo. Além disso, a composição corporal foi analisada por absorciometria (método que avalia a composição corporal) de raios X, e a ingestão alimentar dos participantes foi registrada para avaliar possíveis variações na dieta.

Os resultados sugerem que esses tipos de treinamento podem ter impactos diferentes nos fatores que afetam a pele. Antes do início, não houve diferenças significativas entre os grupos quanto à idade, alimentação, características da pele, composição corporal e capacidade física. Após a intervenção, o grupo TA teve redução significativa no peso corporal e no índice de massa corporal (IMC), além de melhora na capacidade aeróbica (medida pelo VO2pico). O grupo TR, por sua vez, apresentou aumento na massa magra e na força muscular (medida pelo máximo de (1RM). Ambas as intervenções melhoraram a elasticidade da pele e a estrutura dérmica superior, enquanto o grupo TR teve aumento na espessura dérmica.

Os achados do estudo sugerem que o aumento na espessura dérmica é um efeito especifico do TR na pele, sendo induzido por uma diminuição nos níveis circulantes de CCL28, N,N-dimetilglicina e CXCL4  e um aumento associado na expressão de biglicano (BGN). A redução nos fatores inflamatórios circulantes foi identificada como um mecanismo chave para o efeito rejuvenescedor do TR na pele.

A pele foi avaliada quanto à elasticidade, ecogenicidade, espessura e tom, e amostras de sangue foram coletadas para medir fatores circulantes. Em experimentos in vitro, plasma sanguíneo foi utilizado para avaliar a expressão de genes da matriz extracelular em fibroblastos da pele.

Em conclusão, tanto o TA quanto o TR contribuem para a melhora da elasticidade e da estrutura da pele, mas o TR se destaca no aumento da espessura dérmica, provavelmente devido à modulação dos níveis de fatores inflamatórios. Este estudo traz inovação e entusiasmo quanto à sua aplicabilidade, uma vez que muitas pessoas necessitam melhorar a espessura da derme, já que com o envelhecimento, a pele tende a se tornar mais frágil.

Hélena Dalla Bernardina
Hélena Dalla Bernardina
Coordenadora do Instituto Biodelta. Possui graduação em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba (2001). Especialização em Fisiologia do Exercício e Treinamento Resistido pela Universidade de São Paulo (2002). 14 anos de experiência prática de pessoas idosas e debilitadas. Professora do curso de especialização do Instituto Biodelta, em parceria com a EEP – Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina da USP.

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