Alongamento na Musculação

O alongamento dos músculos tem efeitos fisiológicos com aplicações em condicionamento físico e em fisioterapia. Existem evidências de que o alongamento pode servir como aquecimento prévio a outras formas de atividade física, ajudando a melhorar o desempenho e prevenir lesões esportivas. No entanto, trabalhos recentes sugerem que esses efeitos podem ser melhor conseguidos com a própria atividade realizada com intensidades leves.

Assim sendo, para a maioria das atividades esportivas, o alongamento pode ser utilizado como aquecimento, mas não é a melhor intervenção para essa finalidade. Em muitas situações patológicas da coluna vertebral ocorrem reflexos que produzem aumento do grau de contração muscular involuntário em repouso, o que pode ser bastante desconfortável. Nessas situações o alongamento suave dos músculos produz efeitos de relaxamento e de analgesia.

Uma das formas de obter alongamento suave dos músculos é realizando exercícios em aparelhos de musculação. Em uma das fases dos exercícios o músculo se contrai gerando força para movimentar o aparelho, e na outra fase, resistindo à gravidade atuante sobre os pesos, é submetido a um alongamento suave. Para o objetivo de aumentar a flexibilidade os alongamentos fortes atuando sobre as articulações, são necessários.

Na própria musculação isso pode ocorrer, desde que sejam utilizados movimentos forçando os limites da amplitude articular. No entanto, os graus de flexibilidade obtidos na musculação não são máximos. Máxima flexibilidade exige treinamento específico com exercícios de alongamento. Doenças articulares que produzem dor aos movimentos podem impedir o treinamento de flexibilidade, seja na musculação ou com exercícios específicos.

Aspecto relevante é que graus máximos de flexibilidade não são importantes exceto para o desempenho em algumas modalidades esportivas. As articulações perdem estabilidade estática quando são submetidas a repetidos estímulos de máxima amplitude articular, favorecendo lesões e a ocorrência de dores crônicas.

Além disso, forçar as amplitudes em articulações dolorosas pode desencadear crises de dor, com inflamação aguda. Essa situação também pode ocorrer em doenças da coluna vertebral, quando os alongamentos fortes podem ser inadequados. Quando se utilizam exercícios para hérnia de disco ou situações semelhantes, os alongamentos devem ser muito cuidadosos, evitando-se os movimentos de flexões laterais e de rotações da coluna vertebral. Nos aparelhos de musculação os alongamentos são facilmente controlados, em todas as situações.

* José Maria Santarem é doutor em medicina pela Universidade de São Paulo, fisiatra e reumatologista pela Associação Médica Brasileira, consultor científico da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, coordenador de pós-graduação na Escola de Educação Permanente do HC-FMUSP, diretor do Instituto Biodelta, autor do livro Musculação em Todas as Idades (Ed. Manole) e coordenador do site acadêmico www.treinamentoresistido.com.br.

José Maria Santarem
José Maria Santaremhttps://treinamentoresistido.com.br
José Maria Santarem é doutor em medicina pela Universidade de São Paulo, fisiatra e reumatologista pela Associação Médica Brasileira, consultor científico da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, coordenador de pós-graduação na Escola de Educação Permanente do HC-FMUSP, diretor do Instituto Biodelta, autor do livro Musculação em Todas as Idades (Ed. Manole) e coordenador do site acadêmico www.treinamentoresistido.com.br.

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