Trabalho demonstrando que mulheres podem evoluir a intensidade do treinamento em diferentes idades.
Emmauel G. Ciolac, Guilherme C. Brech, and Julia M. D. Greve; 2010
Comentários: José Maria Santarem
Os autores iniciam tecendo considerações sobre o reconhecimento atual da importância da atividade física para a promoção de saúde geral e bem-estar nas populações urbanas modernas, particularmente durante o envelhecimento.
Como parâmetros de avaliação desses efeitos são citados os aprimoramentos da força muscular, do equilíbrio, da condição aeróbica, do metabolismo, da sensibilidade à insulina, da capacidade física para as atividades da vida diária e da saúde psicológica.
Um aspecto ainda não esclarecido pela literatura é apontado pelos autores: embora se saiba que pessoas idosas possam conseguir resultados semelhantes em magnitude na evolução da força muscular e da condição aeróbica, quando comparados com pessoas jovens, não existem dados sobre como deve ser a evolução da intensidade dos exercícios.
Um comentário que se pode fazer é que a magnitude semelhante de progresso apresentado por jovens e idosos em força muscular e em condição aeróbica ocorre em pessoas sedentárias que iniciam programas de condicionamento físico, sendo bem documentadas as reduções de capacidades máximas em qualidades de aptidão que ocorrem no envelhecimento.
A proposta dos autores é avaliar se pessoas idosas conseguem evoluir com segurança a intensidade do treinamento da mesma forma que pessoas jovens.
Após preencherem os critérios de inclusão e serem afastados os fatores de exclusão, 33 mulheres sedentárias foram divididas em dois grupos: YG (20-35 anos) e OG (61-75 anos).
Testes de carga máxima (1RM) e teste ergométrico foram realizados antes do início do treinamento.
O treinamento com pesos iniciou com intensidade de 60% da carga máxima e o treinamento aeróbico iniciou com intensidade de 65 a 75% da reserva de freqüência cardíaca. (RFC)
As sessões ocorreram duas vezes por semana durante 13 semanas e consistiram de 20 minutos na bicicleta ergométrica e exercícios com pesos em 2 séries de 8 a 12 repetições com intervalos entre 30 segundos à um minuto nos seguintes exercícios: press peitoral, remada, press de ombros, rosca de bíceps, extensões de tríceps, leg press, flexões crurais, flexões plantares e flexões abdominais. Exercícios suaves de alongamento foram realizados após os exercícios aeróbicos e após os exercícios resistidos.
A progressão da intensidade na bicicleta ergométrica ocorreu em incrementos de 5% da RFC sempre que a FC no exercício diminuiu para menos de 65% da RFC. A progressão da intensidade no treinamento resistido ocorreu em incrementos de 5 a >10% da 1RM de cada exercício, sempre que a pessoa conseguia realizar 12 repetições nas duas séries programadas, em duas sessões consecutivas.
As avaliações de força muscular mostraram que as mulheres idosas ganharam força na mesma proporção que as mulheres jovens (entre 15 e 38%), embora as mulheres idosas tivessem menor força muscular no início e no final do treinamento em relação às mulheres jovens.
Por outro lado, as mulheres idosas apresentaram maior incremento nas cargas de trabalho na bicicleta ergométrica do que as mulheres jovens (71.7 ± 36.8% vs. 49.3 ± 21.1%; p = 0.05), embora tivessem inicialmente menores valores nesse parâmetro.
Durante o treinamento não ocorreram lesões, dores musculares ou articulares patológicas e não houve intercorrência cardiovascular.
Os autores comentam que trabalhos recentes sugerem que pessoas idosas podem realizar o treinamento resistido com os mesmos volumes e intensidades utilizados por pessoas jovens e que o treinamento dessa forma é seguro em todos os aspectos.
A originalidade do presente trabalho está em documentar que a evolução da intensidade tanto do treinamento resistido quanto do treinamento aeróbico pode ser a mesma em pessoas idosas e jovens.
Metodologia, tabelas, gráficos e bibliografia encontram-se no artigo original.