70 Treinamento de força para o tratamento da hipertensão arterial

Treinamento de força para o tratamento da hipertensão arterial. Uma revisão sistemática e meta-análise de trabalhos experimentais controlados e randomizados.

Rafael Ribeiro Correia, Allice Santos Cruz Veras, William Rodrigues Tebar, Jéssica Costa Rufino, Victor Rogério Garcia Batista & Giovana Rampazzo Teixeira.

PLOS Medicine | https://doi.org/10.1371/journal.pmed.1003687, 2023

www.nature.com/scientificreports / https://doi.org/10.1038/s41598-022-26583-3

Comentários: José Maria Santarem

Esta publicação é de suma importância para o conhecimento, visto que o tema abordado muitas vezes tem sido abordado sem base em evidências, quando muito em efeitos fisiológicos documentados, mas com as conclusões especulativas.

Vários trabalhos anteriores apontavam no sentido de que o treinamento resistido poderia ser útil na prevenção e tratamento não medicamentoso da hipertensão arterial, mas como em todos os temas, apenas o acúmulo de evidência confiáveis pode mudar conceitos.

Ao longo do tempo, o treinamento resistido já foi proibido para hipertensos, passou a ser tolerado e agora tende a ser indicado.

Como sabemos os trabalhos experimentais, controlados e randomizados são os que têm as conclusões mais confiáveis. A revisão sistemática com meta-análise é uma abordagem que permite considerar o conjunto dos trabalhos selecionados, passando os seus participantes a integrar um único grupo, aumentando assim o seu número e aumentando a confiabilidade das conclusões.

Neste trabalho, a pesquisa nas bases de dados internacionais levou à identificação de 21.131 trabalhos sobre o tema. Após excluir os que tiveram a metodologia de estudo considerada inadequada, chegou-se ao número de 97 trabalhos.

Excluindo os que tiveram duração menor do que 8 semanas, não utilizaram pesos, incluíram outras formas de exercícios, entre outros critérios de seleção, chegou-se a 14 trabalhos para este estudo, cujos participantes somaram 253 pessoas hipertensas.

Os resultados mostraram que em todos os participantes a pressão arterial sistólica e a pressão arterial diastólica diminuíram significativamente, sendo as maiores reduções encontradas nos que utilizaram cargas maiores do que 60% de 1RM e uma frequência mínima de duas sessões semanais de treinamento.

A conclusão foi que o treinamento resistido pode ser utilizado para o tratamento não medicamentoso da hipertensão arterial sistêmica.

Uma observação importante é que nenhum tipo de exercício é proposto como substituição a medicação para o tratamento da hipertensão arterial.

Os exercícios devem ser utilizados em concomitância com os remédios, com a expectativa de que com o tempo seja possível diminuir a dose da medicação.

Outro aspecto é que não se deve fazer exercícios intensos se a pessoa estiver com a pressão alterada, acima de 180 x 90. Apenas exercícios leves são permitidos nessa situação, com necessária revisão da medicação.

Metodologia, tabelas, gráficos e bibliografia encontram-se no artigo original.

José Maria Santarem
José Maria Santaremhttps://treinamentoresistido.com.br
José Maria Santarem é doutor em medicina pela Universidade de São Paulo, fisiatra e reumatologista pela Associação Médica Brasileira, consultor científico da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, coordenador de pós-graduação na Escola de Educação Permanente do HC-FMUSP, diretor do Instituto Biodelta, autor do livro Musculação em Todas as Idades (Ed. Manole) e coordenador do site acadêmico www.treinamentoresistido.com.br.

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