O treinamento resistido é a melhor intervenção para melhorar a funcionalidade no acidente vascular encefálico.
Sophie Wist, Julie Clivaz, Martin Sattelmayer. Ann Phys Rehabil Med 2016. Ann Phys Rehabil Med (2016) http://dx.doi.org/10.1016/j.rehab.2016.02.001
Comentários: José Maria Santarem
Na introdução do trabalho os autores comentam que o acidente vascular encefálico (AVE) é a principal causa de disfunção motora em adultos e que 20% dos casos ocorrem em pessoas com menos de 65 anos.
A hemiparesia ocorre em 65 % dos casos e é definida como fraqueza muscular em um hemicorpo geralmente associada com espasticidade de alguns grupos musculares.
Consequências funcionais são distúrbios posturais, alterações na cinética da marcha e diminuição da velocidade da marcha. O custo energético da marcha hemiparética é o dobro da marcha normal.
Os autores comentam que o fortalecimento muscular atualmente é reconhecido como o principal alvo da reabilitação na hemiparesia pós-AVE, melhorando outras aptidões funcionais em paralelo.
O treinamento resistido que hoje é a intervenção mais utilizada em todo o mundo já foi objeto de controvérsias devido ao receio de que pudesse aumentar a espasticidade, o que já foi demonstrado não ocorrer.
Outros métodos de fortalecimento também têm sido utilizados e foram considerados nesta revisão: treinamento funcional, treinamento aeróbico intenso e eletroestimulação.
O objetivo desta revisão foi utilizar o método de metanálise para avaliar os resultados de trabalhos experimentais, controlados e randomizados que estudaram diferentes formas de fortalecimento muscular na velocidade da marcha e resistência para caminhar, em pacientes de ambos os sexos com idades acima de 18 anos, com hemiparesia, sem uso de órteses e com mais de três meses pós-AVE.
Nos bancos de dados foram encontrados 2.401 artigos sobre o tema, mas apenas 10 foram selecionados pelos critérios desta revisão sistemática.
Os diversos trabalhos considerados utilizaram diferentes formas de avaliar a força nos membros inferiores em pessoas com sequelas de AVE: teste de caminhar 6 minutos, teste de caminhar 10 minutos, o test TUG – timed up and go (que também avalia equilíbrio e risco de quedas), teste manual da força, baterias de testes padronizados, teste de 1RM e dinamometria manual (correlação validada para MMII).
Os resultados identificados nas áreas consideradas foram:
Caminhar: todas as intervenções produziram melhoras, sem diferenças significantes entre os métodos de exercícios.
Força de membros inferiores: melhoras ocorreram apenas nos trabalhos que utilizar leg press ou bicicleta com carga.
Equilíbrio: todas as intervenções produziram melhoras, mas as mais eficientes foram as que utilizaram leg press ou plataforma instável.
Conclusão: os autores consideraram o treinamento resistido convencional a intervenção mais eficiente para melhorar simultaneamente a força nos membros inferiores, a velocidade da marcha, a resistência para caminhar e o equilíbrio em pessoas com hemiparesia em fase crônica de acidente vascular encefálico.
Metodologia, tabelas, gráficos e bibliografia encontram-se no artigo original.