Revisão de literatura sobre a produção de substâncias anti-inflamatórias pelos músculos esqueléticos em atividade e os seus efeitos promotores de saúde geral.
A.M.W. Petersen, B.K. Pedersen; 2006 The Centre of Inflammation and Metabolism, Department of Infectious Diseases and CMRC, Copenhagen University Hospital, Rigshospitalet, University of Copenhagen, Faculty of Health Sciences, Denmark
Comentários: José Maria Santarem
Os autores iniciam a introdução com duas afirmações que atualmente podem ser feitas com base nas evidências disponíveis:
1) A atividade física habitual está associada com menores riscos de mortalidade por todas as causas, independentemente da composição corporal; e 2) A inatividade física é um preditor de mortalidade por todas as causas mais forte do que fatores de risco como hipertensão, dislipidemia, diabetes e obesidade.
Embora todos os estímulos promotores de saúde tenham importância, a atividade física habitual parece ser o mais importante. A aterosclerose é o processo degenerativo primário que compromete a integridade das artérias e leva á ocorrência de disfunções de diversos órgãos, tromboses e embolias. Por esses mecanismos, a aterosclerose predispõe ao infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico, gangrenas periféricas, insuficiência cardíaca e arritmias.
Os autores comentam que a inflamação de baixo grau é um processo patológico que tem sido implicado na origem da aterosclerose e também na da resistência à insulina, levando ao diabetes tipo 2. Marcadores desse processo inflamatório sistêmico são o aumento no sangue se substâncias como algumas citocinas e a Proteína C Reativa (PCR). O exercício crônico produz redução da PCR, sugerindo diminuição do processo inflamatório sistêmico de baixo grau.
Também é comentado que os músculos esqueléticos produzem alguns tipos de citocinas que combatem a inflamação (miocinas). O Fator de Necrose Tumoral ? (TNF ? ) é o modelo de citocina pró-inflamação crônica, que predomina nas pessoas sedetárias e é produzido principalmente pelo tecido adiposo.
A Interleucina 6 (IL6) é a principal miocina produzida pelo músculo esquelético em atividade, tem efeito lipolítico e pró-inflamatório agudo. A IL-6 aumenta no exercício, sinalizando a inflamação aguda, mas leva ao aumento de outras interleucinas como a IL-1ra e a IL- 10 que apresentam efeito anti-inflamatório crônico. O exercício suave aumenta a IL6, mas a sua produção é diretamente proporcional à intensidade, à duração e à massa muscular envolvida.
A conclusão desta revisão é que os músculos esqueléticos funcionam como órgãos endócrinos, produzindo substâncias que no pós-exercício diminuem o estado inflamatório basal do organismo. Dessa maneira a atividade muscular parece diminuir a probabilidade de desenvolvimento de doença cardiovascular, diabetes tipo 2, câncer do colon e câncer das mamas.
Metodologia, tabelas, gráficos e bibliografia encontram-se no artigo original.